Sim, o mais desesperante
Não é querer o impossível
É não alcançar o possível
Algo me retém....
Possivelmente todo o meu esforço
Em sobreviver
Em me manter o de sempre
Só me leva para bem longe de mim,
Faz-me acreditar no que não existe
Conduz-me a sítios que acentuam:
A satisfação perdida
O aconchego perdido
A esperança perdida .
Tudo o que tento encontrar,
Para esconder o vazio,
Para disfarçar a apatia
Me conduz ao desespero
À loucura.
Pára de procurar o que não se encontra,
Pára de querer o inatingível,
Pára e sente.
Mas sente !
A paz passa pela lucidez,
Pela veracidade dos sentimentos,
Pela realidade onde vives,
E não sabes que vives,
Vê tudo o que tem de ser visto,
A luz que imana de ti
O branco que te assusta
Olha, mas vê!
Deixa o instinto conduzir-te
Aos fantasmas dos vivos,
Que um dia morreram em ti.
Pois só aí se libertará
Quem há muito está aprisionado.
A clausura cessará
A borboleta voará
Leve, ao sabor do vento
Guiada pelos raios de sol
Pelo brilho da lua,
Em direcção ao horizonte,
Sem rota marcada.
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