Olho de perto a tristeza
daquele olhar inexpressivo
que contempla indiferente,
as feições da escuridão.
O seu horizonte sempre igual
não é melancolia nem paisagem vulgar
mas apenas o murmúrio
da sua amarga condição.
Olho de perto a tristeza
daquele rosto tostado
por um sol que nunca viu.
Fixo a sua expressão imóvel,
e reparo na nobreza
da sua alegria apagada.
Olho de perto a sua mão
que apenas pode pedir
dez tostões de sobrevivência
para uma côdea de pão.
Poiso toda a minha vontade
naquela mão nodosa e magra
tão honesta quanto o espírito.
Oiço a tua voz numa prece
pedir ao Senhor Omnipotente
que apague toda a tristeza
do meu olhar indiferente.
Sigo pensativo meditando na voz dócil
que serena desenhada
o que a sua mente descobrira.
Realidade desconcertante
sem explicação aparente!
Como viram seus olhos sem vida
o que o teu olhar não sente?
F Neto
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